segunda-feira, 9 de maio de 2011

PARQUE DO FLAMENGO NO RIO: NOVA SESMARIA CARIOCA?

O CASO MARINA DA GLÓRIA

Aconteceu em Brasília, na semana passada, a reunião do Conselho Consultivo do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) que decidiu voltar em sua histórica decisão – de 1998 – de não permitir construções novas, particulares, no Parque do Flamengo – parque botânico público tombado. Para o Instituto, por 45 anos, ali só seria possível executar o projeto original, previsto para o Parque, razão do seu tombamento.

Todas as reuniões anteriores, que examinaram outros projetos, aconteceram no Rio, como de costume. Mas como rever a questão em uma reunião a ser realizada no Rio, cara a cara com os movimentos populares que durante 14 anos defenderam, inclusive na Justiça, a manutenção da antiga posição do Iphan? Em todas as tentativas anteriores, estavam presentes nas reuniões havidas no Rio, para assisti-la e distribuir manifesto, os movimentos populares.

O jeito, para evitar o constrangimento, foi fazer a reunião no Planalto Central, longe do povo que defendia seu mais belo parque popular, sem a participação da sociedade carioca, e sem atender a solicitação da Câmara de Vereadores do Rio de Janeiro que, através da Vereadora Sonia Rabello, enviou ao conselheiros solicitação para que, antes de qualquer decisão do Conselho Consultivo, houvesse uma audiência pública para dar a conhecer à sociedade carioca, o novo projeto para a área. Razoável, não? Mas, perigoso...

A pressão para aprovar um novo projeto, desta vez, parecia irresistível, pois partia do novo “comprador” da área, o mega milionário Sr.Batista que, seguro de seus propósitos, jamais escondeu o desejo de expansão territorial de seus domínios: já tinha comprado o hotel Glória, em frente ao Parque, e tinha a intenção de ampliar o seu acesso ao mar. E o caminho mais curto era, obviamente, atravessar a rua, e obter para si a Marina da Glória.

Ora, obter concessões públicas é a especialidade dos negócios do Sr. Batista, e não seria este pequeno empecilho, um Conselho de Patrimônio Cultural, recentemente alterado em sua composição, que poderia impedi-lo em seus veneráveis “bons” propósitos para a Cidade.

Afinal, aquele pedaço do Parque (10% de sua área), bem que poderia ser destinados a negócios “mais nobres” do que meras árvores, gramas, bichos, e piqueniques de uma população comum, que não remunerava, à altura, a manutenção daquele naco especial de território, que antes, na história, só era dado aos domínios eclesiásticos e militares. Seria só “um pedacinho” para explorar com velas, barcos, iates, estacionamento de carros, casa de show, e restaurantes. Isto seria “revitalizar” aquela área “pobre”, patrocinado pelo futuro “Carlos Slim” brasileiro...

Dizem que, à época do Pan, outro projeto, aquele com a garagem náutica enfiada na Baía da Guanabara, teria obtido um financiamento do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para sua realização.

Esta informação nunca foi devidamente apurada e confirmada. Mas, se houve, de verdade, o empréstimo, ele teria de ser devidamente pago. E este rombo, imprevidente, teria que contar com um novo projeto.

É evidente que o porque desta nova decisão do Conselho Consultivo do IPHAN, ocorrida em Brasília, ainda não foi devidamente publicado. Portanto, desconhecemos os seus fundamentos técnicos e conceituais.

Só quando ela for dada a conhecer que o povo, a sociedade carioca, poderá verificar sua consistência conceitual, apta a lhe conferir legitimidade e legalidade.

Isto porque, esta nova decisão contraria a decisão anterior, a da não edificabilidade do Parque público, amplamente confirmada pela Justiça Federal de 1ª e 2ª instâncias.

Os particulares, que lutavam pelo privilégio de explorar este território público, inconformados com aquelas derrotas judiciais, haviam apelado para o STJ, em Brasília, desde 2009; mas os autos do processo judicial nunca chegou àquela cidade.

Depois de muita delonga no envio, o processo foi extraviado, recentemente, quando o caminhão que o levava na estrada foi roubado! Tudo muito incrível, e justamente coincidente. Brasília, sempre Brasília...

Mas se o Parque é público, e se as sesmarias já não existem mais no Brasil, então esta batalha ainda não acabou. Só queremos ter certeza de que o Iphan, que foi defendido pela sociedade carioca durante os anos duros, está, ou não, agora, do outro lado do muro, se pulou a cerca.

Para isto vamos continuar buscando as razões que teriam fundamentado sua mudança radical de opinião; razões estas que, até o momento, foram omitidas ao conhecimento da população carioca que sempre o defendeu.

Perdemos a parceria? Pode ser. Mas não perdemos nem a luta, nem a esperança, e, muito menos a alma carioca.

domingo, 1 de maio de 2011

RIO BOAT SHOW

Comentários recebidos

"...manda email pros estaleiros que estão expondo, que eles mandam o convite pra você...

Só se você preencher o cadastro deles e comprovar que é um profissional bem sucedido (empresário, político, etc) e que ganha o suficiente pra comprar uma `lanchinha´, eles até te dão o convite. Caso contrário, dizem que a agenda tá lotada.

Ontem, eu, o Luciano Guerra e um camarada meu estivemos lá. Eu fiquei mais triste ainda do que podia imaginar. O Salão definitivamente foi formatado para pessoas de um poder aquisitvo, digamos, incompatível com a maioria dos velejadores. Alguns pequenos detalhes me fizeram chegar a essa conclusão:

- Não vi mais as lanchonetes populares (Bob's, etc) no salão. Somente restaurantes e lanchonetes finas;

- Proibiram o acesso (que sempre teve) às lojinhas de materiais tradicionais da Marina da Glória (tradicionais pontos de encontro dos velejadores);

- Não vi a loja Real Marine e a loja Regatta, que sempre tinham prateleiras e prateleiras de produtos dos mais variados preços, agora reduziu sua exposição a produtos mais caros ou provavelmente com mais margem de lucro;

- Não haverá a Regata Rio Boat Show e o espaço que antes era reservado para premiação, virou estacionamento e alguns escritórios, sei lá;

- Não fiz questão de visitar, mas os stands dos veleiros mais caros adotaram o procedimento das grandes lanchas. O caboclo que quiser visitar o barco, tem que preencher o cadastro e possivelmente marcar hora. Ninguém me tira da cabeça que as visitas são marcadas de acordo com o potencial de compra de cada interessado;

- O Luciano apontou bem um detalhe interessante; tem 2 stands vendendo carros de luxo. A BMW levou uns 6 carrões e a Mini Cooper, além do stand, botou um carrinho numa balsa, boiando na entrada do píer.

- Alguns stands de grandes fabricantes de lanchas criaram um ambiente totalmente distante do ambiente marinho: pareciam mais boates, com som tecno nas alturas etc.

Bem, nesse mar de decepções que tive, fiquei muito contente com o atendimento do estaleiro Craftec. Passamos em frente ao Cat Flash 36 e vi que não tinha aquele aparato todo afastando o público do barco.

Meio reticente, cheguei pra mocinha na entrada e perguntei se podia ver o barco e, pra minha surpresa, sem frescura nenhuma, ela disse que seria um prazer ter-me a bordo. Entrei e gostei do que vi. Parabéns ao estaleiro, que certamente está recebendo muitos curiosos (como eu), mas que não afastou-se de seu público alvo e nem transformou sua vocação marinha em boate (...)."

Lauro Valente

"Serviço de futilidade pública. Não me xinguem antes de ler até o final.

Fui ontem no RBS. Fiquei orgulhoso de ver que a gente pode montar um evento desses para tão pouco tempo de uso.

É sem dúvida um dos mais bonitos de todos os tempos.

Inverteram o traçado todo das passagens e ficou bem interessante. Muito tapete vermenho e piso forrando o concreto. Barcos bem grandes, estaleiros nunca tinha ouvido falar, muitas, mas muitas recepcionistas lindas.

Mas realmente está uma porcaria.

Não tem mais as lojinhas vendendo os cacarecos de costume, não tem mais acesso às lojas da Marina; tudo foi feito somente para os expositores pagantes.

O restaurantes isolados. Pareceu-me muita mesa e pouco serviço, nem cheguei perto.

O shopping nático praticamente para atacadistas e investidores. Tem umas firmas de construção e administração de Marinas que são show, mas não é para gente.

Montaram os estandes-vitrines quase que de forma sanitária, ou seja para manter o publico, a peble, a rale bem afastada, praticamente não dá para ver os barcos.

Não fosse o stand da Dufour teria sido 0 "zero", trouxeram um 37 pés bem legal, a Cintia e o Lula estão como representantes e mostraram tudo. praça de popa magnifica com duas rodas de leme bem posicionadas, uma boca imensa. muitos detalhes. preço no Brasil R$400 e muitos o basico, com um kit de eletronicos e opcionais R$ 530, e o completo da feira R$ 590. lançaram ano passado e já tem mais de 50 cascos.

Barcos a motor dos estaleiros importantes cada vez maiores e mais afastados da agua, a impressão é que as lanchas viraram apartamentos e que a agua em volta daqui a pouco vai se tornar inutil ou indesejada.

A Bavaria tinha apenas um stand sem barco , com preço bem interessante. O cruiser 36 por R$ 360 já nacionalizado. menos que o delta.

Visitei também o trawler da Benenteau , o menor de 34 pés , fui super bem recebido, mas queriam me convencer que uma cavalaria de 485 hp do modelo é um meio termo entre um veleiro e uma lancha. Tem até um turco no Fly como se fosse um mastro de um power sail, fala sério...

A vantagem para mim é que se mantiverem esse modelo posso definitivamente parar de ir."

Luciano Guerra.